quarta-feira, 11 de junho de 2008

«A-Atchim» (A globalização constipou-se)

Novas perspectivas começam a surgir sobre os efeitos da alta dos preços dos combustíveis no mundo. A factura que, no passado, discriminava o salário dos trabalhadores como principal custo traz agora como primeira despesa a energia e os carburantes e esta mudança, a confirmar-se no futuro próximo, será uma quase revolução nos modelos económicos e nas relações comerciais que hoje existem no mundo, entre empresas e entre países. Carl Mortished, jornalista do The Times, escreve um artigo a chamar a atenção para esse facto. Muito do poder de atracção das economias emergentes residiam, quase exclusivamente, na chamada mão-de-obra barata, já que o custo com os trabalhadores sempre foi o mais determinante na gestão e rentabilização de qualquer empresa, seja ela micro, média ou uma multinacional. Os empresários contavam com uma rede de transportes bastante eficiente e de baixo custo (graças aos barris de petróleo a 20 ou 30 dólares) para fazer chegar os seus produtos aos consumidores sem se preocuparem com o local onde eram produzidos, desde que este fosse o mais barato possível. E é aqui, neste ponto, que a globalização económica parece estar a dar os primeiros sinais de abrandamento e, segundo Carl Mortished, possivelmente enveredar por uma regressão no seu alastramento pelo mundo. Se a rede de transportes deixar de oferecer uma relação custo/proveito favorável para as empresas, como até agora acontecia, o novo caminho pode passar pela criação dos centros de produção junto dos consumidores e, consequência desta reversão, todo um paradigma de desenvolvimento económico sem fronteiras cai.
É certo que ainda é muito cedo para lançar verdades eruditas sobre o futuro das relações económicas mas será que alguém ainda acredita que o preço dos combustíveis vai voltar a 0,70 cêntimos o litro?
Ah, já me esquecia das minhas boas maneiras: Santinho!

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