sexta-feira, 11 de julho de 2008

Casar por amor? Não. Quando estivermos com o cio.

Pode-se ler aqui as críticas do primeiro-ministro às palavras «do dr. Manuela Ferreira Leite» sobre a perspectiva da família e do casamento como espaço de procriação (sempre pensei que recreação fosse mais adequado). Surpreendeu-me bastante a forma assertiva como Sócrates caracterizou as afirmações de Ferreira Leite como «pré-modernas» e até «pré-Concílio Vaticano II», defendendo a pluralidade que uma sociedade moderna exige, isto é, (conclusão minha), uma sociedade pós-moderna.
Creio que, com as últimas declarações proferidas pelos nossos mais destacados líderes (suspiro), já podemos caracterizar o PSD como o partido do "pré" e o PS como o partido do "pós". Aliás, se virmos bem, faz todo o sentido que assim seja. Vejamos: proponho como exercício, para verificarmos se estes novos epítetos se mantêm per se, substituir o significado do "P" de partido, nas siglas, por "P" de pré e pós. Na nova leitura, o resultado será algo deste género:

PSD = Pré Social Democracia (coaduna-se, pois o PSD insiste em negar, à partida, uma política que conhece mas que nunca praticou)
PS = Pós Socialismo (de novo, bastante realista, pois já passámos por ele e ninguém deu por nada)

Mas, aparte estas conclusões, confesso que me vou chocar bastante com o certificado de fertilidade que os homens e as mulheres portuguesas vão passar a ter que apresentar no registo civil para formalização do casamento, caso a sodoma, perdão, a sôdona Leite vença as próximas eleições. Chocar-me-á mais se tal não acontecer, já que a discriminação justa implica que se seja diferente com todos e não aceitarei que casais inférteis possam aceder aos mesmos benefícios sociais e fiscais que as novas parideiras. Ao invocar para a definição de família critérios sexuais assentes numa norma reprodutiva, Ferreira Leite reduziu a nada um dos grandes avanços civilizacionais dos nossos tempos: a construção do nosso espaço de vivências emocionais, livre de critérios sociais agonizantes, como os usados pela presidente do PSD.

Já estou a ver os casais portugueses a adaptarem-se às novas exigências pré-modernas:
-(ele) Môr, amo-te tanto. És a minha paixom (é um casal do porto).
- Também t`amo tanto, amôre. Já namoramos há quanto tempo?
- Vai pa três anos, mor. Acho que chegou a altura de darmos aquele passo.
-Achas? Mas eu ainda não me sinto preparada. É tudo tão estranho, sabes...
-Eu sei, mas vai correr tudo bem. O importante é que a minha contagem de espermatozóides correu bem e sou tão fértil como um campo cheio de estrume curtido.
-Ó amôre, deixas-me toda arrepiada quando dizes essas coisas. És tão romântico. Mal posso esperar pela minha noite de ovulação...

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