Ganhavam força ideias de sacrifício pessoal que me puxavam para a porta de saída. Isto porque, do lado de fora, uma petiza, pendurada na janela de um qualquer rodo-motor, abriu um guarda-chuva amarelo. Confesso que não me impressiono com qualquer coisa mas este amarelo reluzente e hipnotizante chamou-me a atenção pelo disparate da cena, só sobrecarregada quando uma mãe abrutalhada solta um estrondoso “foda-se” para a dita menina entrar no carro e fechar a janela. A violência da cena é perfeitamente compreensível. Um guarda-chuva nas mãos erradas pode ser uma arma de consequências desastrosas para quem o ouse enfrentar. Nem o avô, chamado vigorosamente, como que em sinal de socorro, se atreveu a aproximar para acudir à sua infanta. Fiquei na dúvida que ele sequer existisse pois passado alguns momentos de amena cavaqueira, entre mãe e filha, nenhuma presença visível pude constatar que se aproximasse delas. Seria um reflexo imaginário? Não creio, mas a mãe não se deixou impressionar. Depois de dois carinhos, em jeito de pedido de desculpas, tudo voltou ao normal, excepto o guarda-chuva. Esse desapareceu. Provavelmente levou-o o avô pelo mesmo caminho com que os pedidos de atenção voaram ao seu encontro.
No todo desta cena ficou-me a imagem do amarelo do guarda-chuva. Era mesmo bonito.
No todo desta cena ficou-me a imagem do amarelo do guarda-chuva. Era mesmo bonito.
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