Hoje, no Vende-se Falta de Chá, apresento um novo inquilino que pediu abrigo temporariamente nesta casa enquanto não encontra uma a seu gosto e onde possa instalar-se condignamente. Afonso Morais, homem de grande carácter e afável como só os homens de olhos verdes sabem ser. Transporta consigo dois baús a abarrotar de doces fúrias e melancolias que nasceram órfãs, agarrando entre braços as memórias que lhe permitem sorrir. O seu olhar profundo deixa-nos consternados, expectantes pelos pensamentos que povoam a sua mente. Com passos inseguros mas firmes, entra e senta-se. Aos poucos, a respiração acalma e a silhueta do seu rosto transforma-se na face calma e serena, habituada a esperar a incerteza alheia, fruto dos medos que só são aprendidos por alguém que os aprendeu de igual modo. Detalhados os pormenores de sua permanência por estas bandas, convido-o a partilhar as despesas.
Não te li
Há dias quando arrumava os papéis abandonados da minha existência, encontrei uma meia dúzia de folhas soltas, amarrotadas pela correria do meu ser. Eram poemas teus. Deste-mos como só quem ama o faz. Recebi-os, como se sempre tivesse tido direito a eles! Não os li. Adormeci-lhes as palavras. Deixei que a correria do meu ser amarrotasse cada uma das letras do seu ser. Há poucos dias escrevi. Não para ti. E quase percebi... Corri para os teus poemas. Acordei-lhes as palavras, com um quase incontrolável receio que de já fossem póstumas. E no final percebi... Escreveste para mim. Eu não te li. Escrevi, não para ti. E eu só te li porque alguém recebeu os poemas que dei, como se sempre tivesse tido direito ao que escrevi. Percebi também... enfim, que as palavras escritas nunca morrem...
Caminhos Não é fácil encontrar-te; ainda mais porque, à medida que vou trilhando os caminhos do teu encontro, consome-me a ideia de que não estás no fim de nenhum deles. Talvez não queiras que te encontrem; Talvez imagines que ninguém te quer encontrar; Talvez não te encontre! Talvez não te deixes encontrar... Talvez seja o incerto talvez que me faz caminhar.
Afonso Morais
Não te li
Há dias quando arrumava os papéis abandonados da minha existência, encontrei uma meia dúzia de folhas soltas, amarrotadas pela correria do meu ser. Eram poemas teus. Deste-mos como só quem ama o faz. Recebi-os, como se sempre tivesse tido direito a eles! Não os li. Adormeci-lhes as palavras. Deixei que a correria do meu ser amarrotasse cada uma das letras do seu ser. Há poucos dias escrevi. Não para ti. E quase percebi... Corri para os teus poemas. Acordei-lhes as palavras, com um quase incontrolável receio que de já fossem póstumas. E no final percebi... Escreveste para mim. Eu não te li. Escrevi, não para ti. E eu só te li porque alguém recebeu os poemas que dei, como se sempre tivesse tido direito ao que escrevi. Percebi também... enfim, que as palavras escritas nunca morrem...
Caminhos
Afonso Morais
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