quinta-feira, 5 de junho de 2008

des-Carta-do

Escrevi esta patetice a um amigo há umas semanas e já nem me lembrava da sua existência não fosse pela providencial caixa de saída dos correios electrónicos. Tropecei nela, li-a e deixei sair um palavrão. Não só pela escrita e linguagem laurindalvesca mas também por ter tomado consciência que posso abrir a boca para aconselhar os outros e deixá-los viver enquanto eu respiro sobre as suas recordações. Como penitência, partilho aqui esse ridículo.

«Olá (...)
Desculpa-me não te ter escrito nada mais cedo. Tenho andado um pouco ocupado com uns afazeres domésticos e tenho estado desligado da net estes dias. Já te queria ter escrito mais cedo para te pedir notícias, saber como te correm as coisas, por aí fora...

Sei como é difícil suportar uma solidão que nos corrói a alma de dentro para fora. Digo-te o mesmo que tantos amigos me dizem a mim: há que manter uma esperança, uma vontade em querer que as coisas melhorem, em querer que a vida nos sorria de forma diferente e esperar por uma alegria que nos aqueça o coração e que nos dê força para suportar não só o preconceito do sexo, mas também do corpo. Levanta a cabeça, o queixo e olha o fim do caminho. Mesmo que não o vejas, é para lá que a tua visão deve estar direccionada pois é lá que o futuro te espera, que nos espera a todos. Mas pensa no tamanho das passadas em direcção a esse futuro. Não podemos estar parados nem correr.

Eu estou de mãos dadas contigo. Como amigo, percebo-te e acompanho-te. Posso-te dizer para não teres medo. Não te posso dizer que não te magoarás. E isso já o saberás, de certeza.

Um abraço
(...)»

Muito provavelmente este post terá uma edição temporalmente limitada. Não sou masoquista.

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